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quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

O Meu Amor Por Maysa É Enorme Demais


por Zé Pedro
Globo.com
Concordo em número e grau!

Maysa é a nossa Edith Piaf.

Uma cantora feita de sucessos e aplausos.
Uma mulher atormentada por questões pessoais e sentimentais.

Piaf sempre recebeu da França a atenção que sua arte merecia. Maysa nasceu no Brasil, que sempre teve imensa dificuldade para manter seus ídolos de pé. Além disso aqui sempre foi um país de cantoras, são muitas para serem lembradas. Mas nunca é tarde demais. Ontem à noite a Globo começou a exibir a minisérie “Maysa - Quando Fala o Coração” dirigida com emoção e competência por seu filho Jayme Monjardim. Ainda sob o impacto do primeiro capítulo, escrevo aqui.

É muito difícil reconstituir um passado recente, mesmo que a nossa memória seja pouca ou nenhuma sobre Maysa, mas para quem a viu jamais esqueceu seus fortes olhos. E eles estão agora na tela da televisão. Sua voz invade os lares de gente que nunca soube de sua existência. Só por isso já vale aplaudir. Sua vida atribulada e polêmica também está lá. Jayme parece não querer esconder a verdade. Tomara não o faça durante os capítulos seguintes A dor e a delícia de ser Maysa foram suas maiores qualidades. Sua música veio dali, da sua experiência aqui na terra. Se você não viu o primeiro capítulo, comece hoje a assistir. Maysa é do tempo da verdade. Doa a quem doer.

Segue abaixo dois textos que escrevi sobre Maysa, um dedicado aos livros lançados sobre sua carreira e outro que está no meu livro:
 
Não Sei Se Me Explico Bem

Que vontade de conhecer Maysa. De ser seu amigo. De tentar dar a ela o que somente pediu: amor e companhia.

Soube de Maysa de pela primeira vez lá pelos anos oitenta onde entrei de leve em contato com sua obra tão densa. "Eu Não Existo Sem Você" de Tom e Vinicius foi a primeira canção que ouvi na sua voz. Depois dois de seus maiores clássicos entraram pela minha  casa: "Meu Mundo Caiu e "Ouça".

De sua vida sempre soube as lendas: uma personalidade conturbada que talvez tenha atropelado uma carreira brilhante. Mas com certeza sua música não teria existido numa vida cercada da moral e bons costumes

Agora chegam às livrarias três livros sobre sua vida e obra: “Meu Mundo Caiu – A Bossa e a Fossa de Maysa” de Eduardo Logullo, escritor/cronista e até quem sabe, poeta, que faz uma narrativa livre de estruturas lineares.  Maysa – Só Numa Multidão de Amores”do escritor Lira Neto que faz um levantamento mais profundo sobre ela e que eu recomendo para inciantes e maiores curiosos . Lira teve acesso aos diários que Maysa escreveu desde adolescente ate os últimos dias de sua vida. E por fim o grande presente de final de ano: um livro de fotos feito por seu filho Jayme Monjardim, onde vemos sua forte presença saltar aos olhos em imagens inesquecíveis de palco e vida.

Nestes livros eu descobri tudo: Maysa foi uma estrela muito cedo, cantou pelo mundo muito cedo, entrou em crise muito cedo. Eu sempre soube que as coisas não tinham sido fáceis para ela. Muitas vezes obstáculos que ela mesma criou para si mesma, frutos de sua alma perturbada e apaixonada. Uma Compositora de versos fortes e modernos demais para o seu tempo.

Usou calça comprida onde somente vestidos e saias eram permitidos.

Traiu e foi traída num tempo em que não questionar casamentos falidos era uma unanimidade. E acima de tudo tinha coragem. Muita coragem. Para a dor. Para o prazer. Para a vida.

Sinto falta de Maysa como quem sabe da necessidade de pessoas como ela no mundo.

Sua verdade não tinha culpa de parecer forte demais.

Maysa – Ando Só Numa Multidão de Amores (1970)
(Trecho do livro "DJ Zé Pedro - Meus Discos e Nada Mais - Memórias de Um Dj Na Música Brasileira - Editora Jaboticaba)

A vida de Maysa talvez possa ser sintetizada pela frase de Dylan Thomas (1914-1953) poeta escolhido por ela para dar título a este que foi seu único trabalho na gravadora Philips: “Ando Só Numa Multidão de Amores”.

Maysa sempre foi única no que fez. Ninguém foi como ela nem nunca será. Uma mulher linda. Uma compositora sem par.

Maysa para mim é uma cantora pop. Se tivesse vinte poucos anos hoje, ela seria porta-voz de muitos adolescentes querendo se encontrar, assim como ela sempre quis.

Uma Ângela Rô Rô fora do seu tempo.
Uma Cássia Eller que nasceu cedo demais.
Um Cazuza de saias.

Artistas que como ela, tiveram trajetórias acidentadas e que transformaram suas vidas em canções. Amor e música.

Talvez os estudiosos prefiram outros Lp’s de Maysa. O primeiro período de sua discografia, quando sua obra floresceu. Eu sou apaixonado pela Maysa dos anos 70. Apesar de sua trajetória nessa década ter sido curta, tenho a impressão de que ali, sua arte apontava para um novo horizonte. Uma mulher definitivamente livre do que lhe impuseram durante toda a vida. Vivendo longe das grandes cidades, numa casa à beira-mar, Maysa me parecia inteira nesse período. Sua voz já não soava tão correta e afinada, mas sua emoção ao interpretar, nunca estivera tão forte .

Maysa foi embora cedo demais.
Há pouco tempo encontrei uma garota numa festa e disse a ela:

- Você se parece tanto com a Maysa
   Ela respondeu:
-  Quem é, eu conheço ?
   E eu respondi:
- Um dia você vai conhecer
   Esse é o meu desejo. Que todos conheçam Maysa um dia.
 
Maysa Eletrônica Brasileira:



3 comentários:

  1. Anônimo1:30 AM

    Por acaso cheguei ao seu blog e como me surpreendi ao ler algo que havia dito pra um amigo esses dias..sobre Maysa..um Cazuza de saias...e tenho q dizer q ambos fazem falta...pessoas que não tem medo de ser o q são e pessoas q vivem a vida sem se amarrar às regras e tradições da nossa sociedade hipocrita...até a melancolia de ambos em suas composições me admira e tenho q dizer q gosto muito...por serem verdadeiros e por serem e sentirem e se expressarem com realidade e não como a sociedade esperaria deles...pessoas assim realmente fazem falta...Valeu pelo post...

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  2. Mayumi, eu que tenho que te agradecer pelo comentário e pela felicidade que ele me causou ao encontrar mais uma pessoa que se identifica, como eu, com figuras maravilhosas que aparecem em nossas vidas, no caso, Maysa e Cazuza.

    Realmente, o que temos de estrelas brasileiras hoje são bonecos de rebeldia comercial, cabelinhos com cortes aerodinâmicos, musicas sem sentido e sem personalidade.

    Sinto falta de personalidades de verdade também! Neste caso, a gente continua ouvindo e sonhando com o de antes, assim eles continuam, de alguma forma, sempre por perto! rs. Abraço.

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  3. Anônimo3:19 PM

    Relembrando...
    "Só digo o que penso, só faço o que
    gosto e aquilo que creio."
    Pq não é vc q tem q se adequar ao mundo e suas falsas tradições porque tudo é balela...
    como dizem por aí, e embora seja chavão...a vida é muito pra ser pouco...

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